Crônica - Meu chefe é tão bonzinho.

Final de semana chegou, voce quer fazer a média com a família, levar a patroa e a gurizada no cinema, curtir um parquinho, uma pizzaria e tal. Bateu a mão na carteira, zero bala. Nada ali, voce descobriu que está liso. Duro de morrer. Então te vem a magnífica ideia do tão famoso vale na empresa. E já vai pensando a estratégia. Sim, porque este troço de vale nas empresas é complicado amigo. E, algumas pedir um vale é assinar a demissão. E ai voce vai lá, pensando o que dizer. Eu já vivi isso meu caro leitor, amiga leitora. Estava numa pindimba que fazia dó, uma dureza miserável e queria fazer aquelas comprinhas de final de semana, aquelas com uma comidinhas diferentes, coisinhas para sair do trivial. Resolvi apelar pro vale. Gente, falando sério, não que eu queira dizer que o patrão fosse um cachorro, mas que ele tinha um faro aguçado para saber que ia pedir vales, isso ele tinha! Me preparei, pensei muito em como abrir o diálogo e preparei o espírito para aquele sonoro "Não" tão comum quando o funcionário vai na sala "gelada" pedir um vale. Tomei coragem, entrei. Lá estava o chefe. Sentadão na sua cadeira linda, estofada, confortável e usufruindo aquele ar condicionado que só os chefes tem. A sala tava Geladaaaaaaaaaaaaaaa! Mas frio mesmo tava era o chefe. Ao me ver ele disse: Bom dia "seu" Tony, o senhor por aqui a esta hora? (Olhou pro relógio Rolex de chefe). Bom dia "Seu Fulano", sabe o que é? - Pense na cara de cachorro sem lugar pra se deitar. Era a minha. Ele cortou: Já sei, quer um vale. É filho, voce sabe que gosto muito de voce, voce é um excelente funcionário, confio muito em voce e gosto do teu trabalho, mas como voce sabe, as coisas andam difíceis por aqui. Movimento caiu (mentira!!!), poucos clientes... não vai dar pra fazer este vale não. Gente ele nem perguntou quanto era. Descartou na hora e nem me deixou falar. Ai o jeito foi apelar pra psicologia né. Então eu fiz aquela carinha de pobre desentendido: Sabe chefe, as coisas realmente não estão boas, eu sei, mas é que eu tô precisando tanto sabe. Eu ia até pedir pro Jonas, mas ele falou que também tá lisinho. Então pensei no teu coração generoso, homem bom e justo, que sabe reconhecer o funcionário e chegar junto quando precisa. Ele disse: É mas... Eu nem deixei ele terminar, continuei: Lembrei-me até do dia em que o senhor me deu aquele vale de valor altíssimo que eu tanto precisava, naquele dia em que a patroa chegou de repente e o senhor mandou "segurar" ela lá fora porque tava "conversando" com aquela secretária linda que o senhor contratou, lembra? Ele: Quanto é o vale, assina aqui e passa no financeiro. Assinei correndo. Poxa, que homem bom era meu chefe, entendeu direitinho minha precisão e deu o vale, num é bacana ter um chefe assim gente? Abraços e até a próxima.

Por Tony Casanova - Direitos Autorais e Copyright Reservados ao autor.